Como a constelação enxerga a homossexualidade

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero será considerada um crime.

Um grande avanço nas leis brasileiras, essa definição traz, mais uma vez, ao cenário social a reflexão sobre o preconceito e a falta de respeito diante da opção sexual de cada um.

Como sabemos, todos têm o direito de realizar escolhas na sua expressão sexual. Mas, durante muitos anos, a homossexualidade foi considerada uma doença ou um distúrbio psicológico.

Hoje, com mais entendimento e abertura de consciência, vemos que a doença está na exclusão. É essencial, portanto, expressar o amor e cuidar uns dos outros por meio dele.

Segundo Bert Hellinger, psicoterapeuta alemão criador da constelação familiar, na maioria dos casos, a homossexualidade se origina de um emaranhado sistêmico familiar.

Mas o que isso quer dizer?

Existem aspectos que não foram transformados nos nossos ancestrais e acabam chegando às gerações seguintes. Por exemplo, algum familiar pode ter vivido uma relação homossexual em segredo ou que não foi aceita no passado e, hoje, o ente desta geração pode repetir esse padrão em busca de aceitação para honrá-lo.

Também existem casos em que alguém da família se identifica com uma pessoa excluída por difamação. Assim, ela se identifica com um antepassado do sexo oposto que foi afastado da família, apresentando igualmente suas características.

Mas, para as Constelações, a homossexualidade não seria um sintoma ou problema, nem mesmo algo que possa ser “revertido”. Simplesmente, cada um deve encontrar o seu lugar no sistema.

Seguindo as Leis do Amor, que são: o pertencimento ao grupo familiar, o respeito à hierarquia e a manutenção do equilíbrio entre o dar e o receber nas relações, a busca por esse lugar é facilitada, mas muitos desafios ainda precisam ser enfrentados.

Julgamento e Preconceito

“Por não se ter o conhecimento aprofundado da situação, o preconceito reduz algo ou alguém, por meio do julgamento”, diz Gabrielle Viana, terapeuta e consteladora do Constela Brasil.

Dessa maneira, o preconceito limita a todos e tem um efeito de condenação. “Nos tornamos juízes dos outros e do que eles podem oferecer”, frisa.

Dentro do contexto das constelações, Gabrielle explica, ainda, que os maiores preconceitos vêm dos pais para os filhos e, mais tarde, essa ordem se inverte.

“O preconceito é o inimigo do novo e dos desafios que ele traz. Com o entendimento do lugar que cada um deseja ocupar, esse caminho pode ser bem menos sofrido”.

Nesse caso, o sofrimento se dá porque muitas pessoas levam anos para se aceitarem e se assumirem gays e, quando o fazem, têm dificuldade de aceitarem que merecem o amor verdadeiro, reforça.

Crenças limitantes

Infelizmente, muitos homossexuais carregam crenças originárias da homofobia. Por exemplo, alguns acreditam que não é possível viver uma relação saudável, com fidelidade, respeito e compromisso.

Assim, além de se aceitarem, outro desafio para os casais homossexuais é de se assumirem perante a sociedade. Mas, após superarem a fase da auto aceitação, os desafios de estar com outra pessoa são os mesmos de uma relação heterossexual.

“Precisamos aprender a nos conectar com nossa força familiar e com nossos pais, para que não busquemos no outro o que eles não têm para oferecer”, orienta Gabrielle.

Dessa maneira, perceber quais crenças paralisam a vida é fundamental para que o processo de auto sabotagem seja eliminado e a vida siga seu fluxo.

A força para ser quem somos...

De acordo com Gabrielle, devido às rejeições e os traumas sofridos na família, algumas pessoas têm à frente um caminho intenso de aprendizado a ser percorrido.

“Para os filhos, a força é aceitar que os pais lhe deram a vida e o que eles fizeram ou deixaram de fazer para seus filhos foi o que conseguiram”.

Sendo assim, a força para ser quem somos vem do aceitar a vida e de não julgar os pais. Fundamental para o crescimento e a libertação de todos, essa maturidade vem com o tempo e com a elaboração das emoções e dos sentimentos causados nos conflitos iniciados nas relações familiares.

Em verdade, reconhecendo e assumindo o próprio destino, homens e mulheres podem aceitar a homossexualidade com dignidade e assumi-la; obtendo, assim, uma força especial para seguirem sua caminhada.

Independentemente da opção sexual de cada um, ao caminhar com respeito e amor, a expressão na consciência é de integridade. Respeitar as diferenças, manifestando o amor em sua totalidade, é um convite da alma.



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